Fracasso

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Nas redes sociais essa palavra praticamente inexiste. Lá é o mundo perfeito de gente realizada, que não tem problemas e vive em constante felicidade.

Ou alguém posta quando brigou com o parceiro(a), quando seu negócio não vai bem ou quando seu corpo não está da melhor forma?

A sociedade de hoje não aceita o fracasso, temos que ser bem-sucedidos, ter um relacionamento saudável, um emprego/atividade que proporcione um conforto financeiro, além de se alimentar bem, fazer exercícios regularmente e ter um corpo sarado.

Não gosto de generalização, no entanto de forma simplista é o que a sociedade atual impõe.

Quem não consegue isso, talvez se sinta um fracasso.

Em épocas que a felicidade é uma imposição, onde os sentimentos ditos ruins são ignorados ou não permitidos, não legitimamos a humanidade das pessoas, é mais fácil medicar.

Ficar triste, devido a um fracasso ou outra situação não é permitido, temos que virar a página, enxugar as lágrimas e seguir em frente.

Como se não fosse legítimo estar triste, ter medo, insegurança, ansiedade ou todo sentimento que traga algum desconforto. Sentir não deve ser encarado como um problema, não temos controle sobre o que sentimos. Temos algum controle sobre as ações que iremos realizar em relação aos sentimentos “desconfortáveis”. 

Na vida tudo é aprendizado, o fracasso e todos os sentimentos que decorrem dele servem para nos ensinar alguma coisa e isso normalmente leva um tempo, não é só virar a página.

Aceite que fracassar faz parte da vida, sem reforçar uma culpa, acredito que ninguém faz algo pensando em fracassar, e sim tentando aprender o que toda essa situação pode ensinar.

Como você lida com os seus fracassos?

Frederico da Luz – 03/10/24

Lutos

Um de meus maiores prazeres na vida é jogar futebol. Não sei explicar, é uma sensação de presença e prazer muito intensa. Sempre fui muito competitivo e sempre me exigi muito fisicamente e a conta chegou.


Até meus 39 anos, não tive nenhuma lesão mais séria então veio a necessidade de operar o quadril direito em 2021, após 8 meses de recuperação voltei a jogar. No primeiro jogo de 2023, rompi o ligamento cruzado do joelho esquerdo, menos de um ano após a volta ao futebol, desde então estava em recuperação pra voltar aos gramados.


Fiz tudo que estava ao meu alcance para voltar, acelerei o processo em alguns momentos e isso não foi bom, mais um aprendizado. O joelho hoje está 100%, o quadril não. Na segunda tentativa de voltar a correr, mais uma vez o quadril voltou a incomodar.


Estou na fase de digerir a possibilidade concreta de não poder mais jogar futebol é um misto de tristeza porque acredito que fiz o possível para voltar a jogar e não foi suficiente, com um sensação de gratidão por ter conseguido desfrutar de um esporte tão intenso, que me proporcionou muitos aprendizados e grandes amigos.


Eu amo jogar futebol, mas amo muitas coisas na vida, então este talvez seja um momento de dizer adeus ou quem sabe um até logo para esse grande amor e abrir espaço para outras paixões e amores.


Não, não foi uma escolha minha, eu queria e pra ser sincero ainda quero jogar, mas quantas vezes na vida não basta a gente querer, fazer nossa parte e as coisas não saem conforme o planejado.


Não sou religioso, no entanto, tenho uma fé na vida, acho que fazendo nossa parte, mesmo sem os resultados que gostaríamos as coisas acontecem por algum sentido que talvez nesse momento eu não consiga entender.


Tenho me dedicado aos treinos, à fisioterapia, a bike e estou voltando a jogar padel, acredito eu um esporte que meu quadril suporte melhor que o futebol.


E seguimos, um pouco triste, um pouco grato, mas com muita fé que tudo na vida é aprendizado.


E você como lida com seus lutos?

Frederico da Luz – 23-06-2024

Quem carrega a sua mochila?

Sou pai de uma menina de 7 anos, como pai tento dar uma boa educação e estar atento, dando o máximo de autonomia possível, respeitado sua capacidade e individualidade.


Digo para ela que não a ajudo (pelo menos no meu ideal) em coisas que ela já sabe fazer.
Como pai erro e acerto, acredito que isso é humano, sempre tento acertar, mas…


Já há algum tempo, ao levar minha filha para a escola comecei a notar que alguns pais levam a mochila de seus filhos, alguns além da mochila chegam com os filhos no colo. Confesso que isso me inquietou.


Pensando comigo mesmo, hábito que tenho às vezes. Que geração estamos preparando para o mundo? A criança seja de qual idade for, não pode levar sua mochila para a escola?
Considerando que a mochila tenha um peso adequado a individualidade da criança.


Não acho fácil, ou simples educar e preparar uma criança para a vida, até porque nós nem sabemos o que está por vir, com o mundo mudando de forma tão rápida e muitas vezes surpreendente.


Então acho que talvez um bom ponto de partida seja confiar no seu filho, sim ele pode e deve levar sua mochila.


Será que no futuro ele não sentirá falta da confiança que não lhe foi dada?


Agora pergunto para você, você carrega sua mochila?

Frederico da Luz – 24/04/24

Linguagens do amor

Li o livro “As cinco linguagens do amor” de Gary Chapman, um livro pequeno que tenta simplificar algo tão complexo como o amor. O autor descreve que temos 5 linguagens principais de amor, são elas: palavras de afirmação, tempo de qualidade, presentes, atos de serviço e toque físico.

O próprio nome de cada linguagem, já dá um indicativo bem interessante de como o autor as define. Minha intenção não é trazer o conceito de cada linguagem, e sim refletir sobre um ponto que o livro traz que faz sentido.
Cada pessoa tem uma linguagem primária, a principal forma que a pessoa reconhece o amor. Normalmente essa linguagem também é a forma como a pessoa demonstra o amor para o ser amado.

Um dos grandes problemas dos relacionamentos não é a falta de amor, e sim a dificuldade de demonstrar o amor de uma forma que o ser amado a receba. Normalmente reconhecemos a linguagem do amor, usando a nossa linguagem de dar amor.

Raros são os casais que tem a mesma linguagem de amor primária, aí começam os problemas. Se uma pessoa tem a linguagem primária tempo de qualidade ela deseja momentos em que o ser amado esteja disponível e com 100% de atenção a ela, para conversar, interagir, sair juntos, sem distrações esteja presente de fato. Não adianta ela estar recebendo o amor através de presentes, toque físico, ou atos de serviço porque ela não reconhece o amor dessa forma.

A sugestão do autor é que os amados primeiro descubram qual é a linguagem de amor primária de seu ser amado, e a partir daí aprenda a demonstrar o amor da forma que o outro a perceba.

Para todos que amam e não se sentem amados, talvez vocês de fato sejam amados, só que em uma linguagem e de uma forma que vocês não conseguem reconhecer. Vocês podem estar sofrendo por algo, que não necessariamente seja verdade. Quem puder ler o livro, acho uma ótima alternativa.

Faz sentido para vocês amar de uma forma que o amado reconheça?

Você só reconhece o amor se ele se enquadrar dentro do que você sabe dar, ou receber?

Sempre há tempo para o amor, e para amar, basta que exista…

Frederico da Luz

Oscilações, o “normal” da vida

A vida não é estática, é movimento, mudança, adaptação. Existem momentos maravilhosos, momentos água com açúcar e momentos difíceis, saber encarar as diversas situações é o que nos diferencia, não temos poder de controlar o que está por vir, mas podemos sim, escolher a forma como reagimos frente as mais variadas situações.
Não existe vida 100% feliz, as redes sociais normalmente só mostram a melhor parte, e nem isso é exatamente como as pessoas postam. Não há nada de errado nos sentirmos eventualmente tristes, cansados. Isso faz parte, não podemos cair na armadilha de buscar a felicidade utópica de estar sempre bem, vendendo saúde, bom humor e alegria, ninguém consegue ser assim sempre, ninguém.
Momentos difíceis, momentos felizes, momentos meio termo, tudo passa, nada é permanente e estático, o que somos hoje é fruto de nossas experiências, nem nós, somos sempre a mesma pessoa, sempre tem algo mudando em nós.Acredito que os momentos difíceis servem para valorizarmos ainda mais os momentos bons, por que tudo na vida é passageiro, certeza na vida, só a morte física, essa ninguém escapa.
Momentos difíceis, momentos felizes, momentos meio termo, tudo passa, nada é permanente e estático, o que somos hoje é fruto de nossas experiências, nem nós, somos sempre a mesma pessoa, sempre tem algo mudando em nós.

Como você encara as oscilações da vida?

Frederico da Luz

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Paixão e Amor

Como é bom se apaixonar, criar um ideal referente a alguém e só ver coisas belas e interessantes no outro, que na verdade não passam de uma ilusão. O outro não é o ideal que construímos dele, isso é fato.

Como é bom olhar o outro com os olhos da paixão, com o mistério que ela traz na construção de um ideal utópico sobre o outro que na verdade não conhecemos, não nos apaixonamos pelo outro, e sim pelo ideal que criamos dele.

Como é bom, ter o coração acelerado, o suspiro profundo, o desejo da conquista, naquele autoengano que encanta e nos faz mover montanhas.

A fase da paixão é intensa, tudo são flores, até o defeito do outro vemos como qualidade. Nossa projeção é tão forte que só beleza e desejo conseguimos ver.

Depois da paixão, que dizem pode durar dois anos, existem os sortudos apaixonados que conseguem transformar a paixão em amor e vivenciam outra relação. Normalmente, não tão intensa quanto a paixão, mas algo até mais prazeroso com a paz e tranquilidade que um amor traz. Algumas situações até fazem relembrar a paixão, que bom que algumas vezes seja possível reviver aqueles sentimentos, já numa fase mais madura de uma relação como o amor.

Paixão, amor, relações. Todas as fases que se vivência numa relação são interessantes, basta saber aproveitar e viver o que a vida proporciona, com suas intensidades, riscos e mistérios.

Dá pra viver um amor, sem ter vivido a paixão?

Frederico da Luz

Liberdade e Amor

O que é ter liberdade? É agir livremente sem pensar nas consequências?
É deixar de agir, porque a ação pode ter impacto indesejado em alguém?

Todos arcamos com nossas ações, sejam elas boas, ou ruins, toda ação tem algum impacto, seja ele positivo, ou negativo.
Faz sentido não fazer algo, que de alguma forma pode ser prejudicial a alguém? Porque alguém agiria dessa forma?
Muitas perguntas, poucas respostas.

Você se sente realmente livre? O que é se sentir livre?
Uma relação afetiva entre duas pessoas pode ser literalmente livre?
Conseguimos dar tudo o que a outra pessoa quer ou deseja? Ninguém pode dar tudo, normalmente buscamos no outro é a falta, a falta que ele nos gera que nos move.

Liberdade pode caminhar junto com o amor?
O amor pode caminhar junto com a liberdade? Se houver comunicação clara, onde as “regras” do que é aceitável e válido for claro e respeitado por ambos, temos liberdade, não? Há liberdade com “regras”?

Quando o amor é nítido, reconhecido, sentido e surgem coisas sem lógica ou explicação?
Na vida almejamos o crescimento pessoal, aprendendo com as nossas falhas, erros e nos respeitando como humanos, seres limitados e de ações algumas vezes incompreensíveis.

O que é liberdade para você? Liberdade e amor podem caminhar juntos?

Frederico da Luz – 15/01/2023

Medo

Conto nos dedos a quantidade de pessoas com quem conversei desde o início do período da pandemia que não tenha me falado do medo. Para além do medo da morte e da própria doença causada pelo vírus, percebo que são medos variados, tem os antigos, os novos, os potencializados.


Eu confesso que na montanha russa das emoções que fazem do meu tempo de isolamento um sobe e desce bem diversificado, o medo está sentado no carrinho da frente. Mas o encaro como necessário, como instinto de sobrevivência, pra não nos atirarmos inconsequentes em penhascos reais ou imaginários.


Acho que tenho com o medo uma relação de respeito e certo distanciamento, quase nunca de imobilização. Talvez porque percursos incertos, inseguros e que me exigiram entrega, adaptação e coragem não são novidades pra mim.

Obvio que não me sinto inatingível e sei dos riscos de lidar com um cenário tão incerto, mas acho que consigo encarar o medo de forma objetiva.
No caso da pandemia, aceitei com facilidade que não havia outro jeito senão o distanciamento social, me informei sobre como me proteger, absorvi que é temporário e necessário e sigo em frente, vivendo meus processos internos e tomando as medidas que a vida prática continua me exigindo.

Não menosprezo a pandemia mas também não a supervalorizo a ponto de dar a ela poder de bagunçar meu interior e meu racional. Me parece claro o que depende de mim, como faço a minha parte, o que e como devo cuidar, quais atitudes tenho que tomar para viver bem com as limitações e perigos que estão impostos.


Claro que entendo que isso mudaria se eu tivesse alguém próximo infectado e sofrendo as graves consequências dessa doença. Por hora, ainda vejo esse período como uma pausa necessária, a que fomos todos obrigados, mas da qual temos que tentar sair melhores do que entramos.


Tenho a sorte de conseguir exercer meu trabalho de casa, de as crianças terem aulas on line e tarefas da escola diariamente, de conversar virtualmente com muitos amigos, de ter saúde para fazer todas as tarefas domésticas e cozinhar as nossas refeições, de ter certa paz para ler, refletir, estudar, manter uma rotina razoavelmente organizada e compartilhar muitos momentos valiosos com a família.

Tenho compaixão pelos que não possuem as mesmas condições que eu, sei que são muitos, e para estes faço doações e orações. Embora não seja fácil, nos momentos mais tensos, quando a coragem precisa ser alimentada e o coração acalmado, respiro fundo, medito, me exercito e tento controlar a ansiedade, a saudade e a angústia.


Deixo do lado de fora da porta de casa tanto os sapatos quanto o pessimismo. Cada vez que lavo as mãos preencho os obrigatórios 20 segundos com uma prece e um agradecimento e assim aproveito o momento para higienizar também a alma.

E passados já tantos dias de sei lá quantos que ainda estão por vir, para seguir enfrentando o medo de um inimigo invisível e tão desconhecido, não achei ainda máscara que proteja melhor que a gratidão e nem álcool que limpe mais do que a fé.

Stella Maris – jun/2020

Escolhas e renúncias

Viver é escolher, escolher é renunciar. Não podemos ter tudo, cada caminho tem seus sabores e dissabores.  E são as nossas escolhas que nos fazem ser quem somos, falam da nossa trajetória e dos caminhos que decidimos percorrer.

Decidir é uma escolha, renunciar também é. Mas é preciso ter certeza de que renunciar não implica apenas em dores e perdas, mas também em opções e oportunidades que, se bem aproveitadas, determinam a qualidade da nossa caminhada. E a vida é assim, escolher, renunciar, acertar, errar e principalmente crescer, se tornar uma pessoa melhor.

O SE na vida não existe, o que existe são as escolhas e consequências de nossas decisões. Sempre carregaremos dúvidas e medos, entretanto, aquilo que somos, acreditamos e sentimos nos dão tranquilidade para encontrar as nossas respostas e fazer nossas escolhas. Para isso, é necessário prestar atenção em nós mesmo e nos conhecermos. Nos permitir ouvir, ao mesmo tempo, os nossos impulsos e a nossa razão. Assim, responsáveis pelas consequências de nossas escolhas, todos os resultados, esperados ou não, se tornam experiências, aprendizados e crescimento.

E não escolher também é uma escolha. Embora não escolher seja abrir mão de uma capacidade fundamental que nos faz humanos, a capacidade de pensar e de direcionar nossa vida. Por mais difícil que a estrada pareça, ficar parado por insegurança pode te fazer estacionar e não usufruir a beleza do caminho, do trajeto, do um dia de cada vez, sabendo que cada dia é único e importa.

Todo processo de escolha requer atitude, adaptação e desapego. Há sempre possibilidade de erros, de arrependimentos, não acertaremos o tempo todo. O medo de escolher e renunciar não pode nos paralisar, o conforto não deve nos impedir de querer mudar para melhor e o novo pode ser bem-vindo, com as suas dores e delícias. O mais importante é ficar em paz, não se culpar por não tem sido perfeito e ter certeza de que fez o seu melhor.

E se errarmos em nossas escolhas, o importante é reconhecer o caminho ou a decisão e tomar fôlego e coragem para recomeçar. Sempre há tempo para recomeçar. Entre o nascer e o morrer, que são as únicas certezas que temos na vida, todo dia é dia de viver e escolher entre as nossas infinitas possibilidades.

C. M. Alpud – jul/2020

A disciplina é a organização da liberdade


Assistindo uma live do Professor Mario Sergio Cortella, me chamou atenção uma fala:

– A disciplina é a organização da liberdade.

Refletindo sobre ela, após a explicação do renomado professor, acredito que a compreendi. Segundo ele a disciplina que conseguirmos criar com as obrigações e deveres que temos que cumprir independente da vontade para termos uma vida saudável permite também que tenhamos tempo para sermos livres, e usufruir de uma parcela do nosso tempo com coisas que gostamos.

Fazendo um paralelo com o que o mundo vive com a pandemia, hoje temos que nos manter disciplinados e vigilantes com o cuidado necessário para não pegarmos a doença. Ficar em casa dentro da possibilidade de cada um, e se houver necessidade de sair, tomar todos os cuidados necessários.

A disciplina para quem não a tinha foi imposta de uma forma que não há questionamento, a doença é um fato, seu contágio é extremamente agressivo e a única forma de se cuidar e cuidar dos seus é manter toda uma disciplina rigorosa frente aos cuidados de isolamento social.

Sem aviso, ou cerimônia toda a liberdade que tínhamos de fazermos o que quiser, a hora que quisermos não existe mais momentâneamente e ninguém foi preparado para essa situação. A vida impôs.

Essa fase difícil vai passar. E talvez um dos grandes aprendizados que podemos ter, é nos tornarmos mais disciplinados com nossa própria vida. Sabemos que atividade física faz bem pro corpo, e nós nos exercitamos? Sabemos que se alimentar de forma saudável faz bem, e nós comemos bem? Hj temos acesso a muita informação e sabemos o que devemos fazer em relação a praticamente tudo na vida, e nós fazemos?

Talvez a pandemia veio nos ensinar que sim, podemos ser disciplinados e dessa forma sermos mais livres e felizes. Por mais triste e dura que seja toda essa situação, acredito que tudo na vida tenha seu lado positivo, acredito que a disciplina pode ser nosso grande aprendizado.

Qual é o seu aprendizado na pandemia?

Frederico da Luz – 12 – 04 – 2020