
O mar. Sentei na areia quente. E vi o mar.
“Meditar é como entrar no mar. No início,só percebemos as marolas à beira da praia. Mas o mar não são apenas marolas, embora as marolas sejam o mar. Da mesma forma, há pensamentos, estímulos de tudo o que recebemos desde antes de nascer, que podem surgir em nossa mente”, como diz a Monja Coen.
O mar, todo belo, imenso e formoso. Há mares verdes, azuis e dourados. Às vezes, mares brancos pela luz do luar. Adoro ver a espuma do mar. Sinto a água tocar meus pés. Um turbilhão de pensamentos e sentimentos tocam o âmago da minha alma. Olho o meu passado. Imagino meu futuro. Vivencio o presente.
E vejo os olhos do mar: olhos verdes.
Olhos imensos. Olhos de mar.
Relembro a poesia do poetinha: “Na melancolia de teus olhos, eu sinto a noite se inclinar, e ouço as cantigas antigas do mar. Nos frios espaços de teus braços, eu me perco em carícias de água, e durmo escutando em vão o silêncio. E anseio em teu misterioso seio, na atonia das ondas redondas, náufrago entregue ao fluxo forte da morte”.
Outro poema repleto de alegrias, decepções, frustrações e muita esperança acerca do mar é do poeta Fernando Pessoa: “Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar, para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e abismo deu, mas nele é que espelhou o céu”.
Poemas lindos e sagrados! Essa percepção de beleza, sentimentos mistos e paradoxais é que marcam nossa existência. O mar é a nossa vida. Nossa vida é do mar.
A monja Coen diz que é “quando nosso olhar se torna imenso e profundo como os oceanos passamos a conviver em harmonia com tudo e com todos. Somos da mesma matéria prima e estamos interligados a cada partícula cósmica”.
O mar profundo, cheio de vida, bonito, terrível, abençoado e traiçoeiro. Nosso mar. Nossa vida.
Autor José Renato Ferras da Silveira
Lindo texto! 🙂